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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Devo dizer, sem nenhum senão!

Esse poema é um improviso: aviso!

Devo dizer, sem nenhum senão;
Trago aqui a preguiça da idéia de perfeição,
E sacio minha aversão por tudo
Que me toma mais tempo que cantar meu verso.


Hoje (talvez só hoje) não finjo nada!,
Tampouco exagero. E não minto...
Sinto com o coração!
De que me vale explorar a imaginação
Quando transbordo e explodo
A cada metro de pensamento?

Eu, que outrora tão frio,
Tenho em mim agora mais calor
Que toda a Ilha.

É que no fim das contas,
Não sei se perdi ou se ganhei;
Se morri e nasci,
Ou se simplesmente continuei.
E no fim das contas nada disso conta;
No fim das contas nada disso é conta.

Então me deixe cá, no meu poema,
Correr pra qualquer canto da minha bagunça.
Não reclame das minhas entrelinhas
Nos meus versos sem direção alguma.


Eu, que outrora tão frio,
Tenho em mim agora mais calor
Que toda a Ilha.


Devo dizer, sem nenhum senão;
Longe de toda pretensão:
Meu mundo começa em mim,
E hoje (talvez só hoje),
É tudo de mim pra mim
Sem qualquer cerimônia.

Alfredo Goes
10.06.09




"Não,
meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito
(...)"

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Já me cansei de toda crise existencial,
Quero agora um silêncio
pra ensurdecer a minha dor...

Fecho meus olhos pro discurso habitual,
Eu discordo
Dessa crença sem calor:

Violentamente louco,
Não acalmo o meu coração.

Meu amor!,
Me escute antes de falar,
Eu te quero sem nenhum pudor,
Eu prometo.




Alfredo Goes
20.04.09

terça-feira, 31 de março de 2009

Peço licença
Pra minha doença
Eu te apresentar.

Eu sou apaixonado
Louco, alucinado
Pra te contagiar,
Meu bem.

Meu mal é saber
Que o tempo não pode correr
Como a gente quer.




Alfredo Goes
30.03.09

sexta-feira, 20 de março de 2009

Quem sou?

Já quis saber.
Afinal, quase tudo e pouco quis.
Quase tudo quero.
Hoje des-espero,
Brinco e exagero.

Misturo vontades
Sem mentiras nem verdades:
A solidão no carnaval,
O carnaval na solidão

De um só riso.

Sentindo tudo,
Sentidos todos!,
Receios nada.
Um pensar sem norte.
Que sorte!

Um quiçá
Que não sabe esperar.
Indecisão, imprecisão
Entre carne, alma e coração

Num só ser.







Alfredo Goes

domingo, 8 de março de 2009

Quero deixar alguma coisa nesse mundo.
Talvez livros,
Talvez discos,
Talvez filhos.

Quero levar alguma coisa desse mundo!
Nem livros, nem discos...
Talvez uma praia
Com um sol sempre nascendo.
Ou o amor de uma menina
Que me faça nascer a todo instante.




Alfredo Goes

terça-feira, 3 de março de 2009

domingo

ando desorientado
sem saber quando durmo ou acordo
meu tempo é nada
ando querendo esquecer de mim
e me cercando de promessas falsas

ando desatinado
com a razão na contramão
e de cabeça para baixo
meu dia é amanhã
e ando querendo lembrar as datas
que nunca esqueci

ando preocupado
em te pintar um sorriso diferente
ando correndo
com raiva e
com fome de ganhar
e com medo
de perder

ando distraído
pensando longe
e falando besteira
minha vida é um plano
de explodir um prédio
ou dia criar um mundo



Alfredo Goes
01.03.09

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Esta noite

Quero calor.
Depois ventilador,
E ver tevê
Sem som.
Assim tá bom.

Fica aqui.
Deixa que o tempo vá
E só lembra de esquecer
Qualquer coisa além.
Não há ninguém!

Espera a preguiça chegar.
Perde a hora.
Não há nada
Lá fora.

Só aqui.






Alfredo Goes
11.02.09 - 00h47

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

(Ex)Soneto de constatação

No meu corpo há um cálice (in)visível
Que transborda incessante
E incontrolavelmente a todo instante:
Inexplicavelmente insaturável!

Fácil é me embriagar em silêncio,
Despreocupado com a memória
Perdido numa história
Fértil e sem um porquê.
Lógica para que?

Constato. Gradativamente
Eu me perco completamente
Em sintonia (in)definida:
- Definitivamente você! -

Definir para que?


Ah! Não há mal nenhum
Em despreocupar-me.
Sem ressalva ou um senão sequer:
- Senão você! -

Pré-ocupar para que?


Caio,
Despenco,
Mergulho
Em você

Do ponto mais alto
Do meu trampolim:


Medir para que?


Sem culpas!
Não te culpo
Nem me ocupo
Com o que não vejo.


Deixa ser assim.
Sem mal-me-quer.

Não quero médico!
Não quero moldes,
Não quero métrica,
Não quero rigor,
Não quero raíz real!

Não quero saber o que eu não quero.
Escapo!



Eu ando na linha tênue,
Eu danço na corda bamba.


Misturo tudo num sentido só:
À frente, com meu sentido desmedido,
Com meu destino destemido!

Com meu tato,
E com vontade.
Muita vontade...:
- Com verdade! -

Plano para que?


Eu vou!
Eu vou sem fim,

Com meu único fim
Infindável.







Alfredo Goes
03.05.09 - 21h17
É o
Mito?

Ou o
Medo?





Teu medo




É só um mito. (?)



(Es)
Colha


Se o
Medo

É só um
mito.



Mata esse m i t o
Que m e n t e.

O m e d o
Não existe!



Alfredo Goes

sábado, 24 de janeiro de 2009

Interseção

O guardanapo que você assinou seu rosto
Molhou com o suor do meu bolso.

Eu não tenho sorte,
Eu não tenho troco
Pra vender.


Ah, se eu pudesse refazer meu gosto,
Jogar toda besteira pro fundo do poço...

Eu não quero pouco,
Eu só tenho um corpo
Pra viver.

Ah, se eu pudesse escarrar meu vício,
Largar de mão todo esse ofício...

Eu não faço jogos,
Eu não tenho blefe
Pra você.





Navego num mar
De horizonte fixo,
Inalcançável.
E não há mal
Pra me fazer naufragar agora.




Alfredo Goes, 15h15, 24.01.09